Palavras que carinhosamente se reproduzem na alma e
depois repousam, sossegadas na minha mente.
Sobre etéreas pétalas de flores adormecem perfumadas ...
amadurecem e vestem-se de cores divertidas.
E pela minha mão nascem... só para ti.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Queria desabafar convosco...




Não sei como fazer...


Tudo me acontece...


Quando eu nasci (pouco depois de os dinossauros terem desaparecido) os meus pais eram muito pobres. Tão pobres que os vizinhos do lado, que viviam muito confortavelmente, decidiram adoptar-me, mas permitiram que eu continuasse a ver os meus pais biológicos e a minha irmã aos fins de semana. Assim, cresci com dois maravilhosos pais e duas babadas e amorosas mães.Tinha uma irmã biológica, mas fui criada como filha única. Ou seja, tive o melhor dos dois mundos.


Dos 14 aos 33 anos, aos poucos fui perdendo os quatro pais fantásticos que tive. Imaginem, se dois custa muito, quatro então...


Tenho um marido fantástico (único, o amor da minha vida, o homenzarrão que Deus cuidadoamente escolheu para mim) e dois filhos que são literalmente a razão da minha (sobre)vida.


Aos 46 anos fui atropelada por uma leucemia e deram-me umas horas, ou talvez uns dias, de vida. Chatice!! Enganei-os a todos! Nem Deus, nem eu achámos que era a altura.


Respiração assistida, Cuidados intensivos, 6 meses de internamento no IPO, dois meses de consultas semanais, quimioterapia, mais de 100 transfusões de sangue/plaquetas, outros tantos raios-x, TAC's, biopsias. Já vou no 14º mielograma, que é a biópsia da medula.Ou seja visitei as capelinhas quase todas.


Mas graças a Deus, fui passando de etapa em etapa e cá estou eu há 27 meses em remissão.


Em Novembro do ano passado, perdi a minha irmã para um cancro da cabeça, depois de um período terminal de quase um ano. Fui de propósito, sozinha a Nice (onde ela morava há 30 anos), só para me despedir dela. Tarefa difícil. Despedir-me da única pessoa que resta da minha família de sangue.


Ajudem-me lá! Com tanta coisa, eu mesmo assim não consigo encontrar um motivo para me queixar. Com todo o respeito que tenho por todos vocês e precisamente por isso, por favor, "façam o favor de ser felizes".


Apreciem os tesouros da vossa vida e não retrocedam perante qualquer contratempo. Todos os vossos desabafos são certamente legítimos. Saídos de mágoas mais ou menos profundas, revoltas, ira. Mas não lhes dêem demasiado espaço, não os deixem fazer ninho no vosso beiral, nem os tomem por companhia.A vossa vida é preciosa demais para não ser aproveitada ao máximo.


Eu por mim, continuarei a dar graças a Deus, porque não consigo encontrar nenhuma razão para reclamar.E desculpem lá o desabafo.


Vá lá! Sejam mesmo muito felizes.Encontramo-nos por aí.


Mil abraços semeados no espaço virtual desta seara de amizade que florirão carinhosamente para todas vocês.

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