Palavras que carinhosamente se reproduzem na alma e
depois repousam, sossegadas na minha mente.
Sobre etéreas pétalas de flores adormecem perfumadas ...
amadurecem e vestem-se de cores divertidas.
E pela minha mão nascem... só para ti.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal


A todos os que amo, a todos os amigos e a todos os que, não conhecendo pessoalmente, passaram a fazer parte da minha vida, desejo um Natal cheio de bençãos com muita saúde e amor.
Que cada um encontre nesta época, o verdadeiro espírito festivo do Natal: o nascimento do nosso Salvador.
A todos um grande abraço.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A Sónia Raquel já tem dador!!!


... para todos aqueles que se inscreveram como dadores, para todos aqueles que ajudaram no recrutamentos de dadores, para todos os que organizaram ou ajudaram a organizar as campanhas de recrutamento de dadores de medula óssea, eis a notícias que tanto esperávamos:A Sónia Raquel tem finalmente dador compatível!!! Graças a Deus!!


Este sim é um excelente presente de natal. O melhor que o menino Jesus poderia trazer, pelo menos para a Sónia e para os seus pais e família.


Obrigada a todos!

sábado, 29 de novembro de 2008

Amanhã vamos de novo tentar encontrar um dador para a Sónia Raquel


A Sónia Raquel sofre de aplasia medular, como deves estar lembrado.


Ela não tem leucemia ou linfoma ou qualquer outro tipo de cancro. A medula dela (vá-se lá saber porquê), de repente cansou-se de produzir células para o seu sangue: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. É claro, que se a medula não os produz, ela não pode sobreviver muito tempo, excepto se for submetida a um transplante de medula óssea. Para lhe ser feito um transplante de medula, é imprescindível ter um dador compatível.


Essa busca de um dador tem sido feita por vários modos, no banco nacional de dadores (que tem cerca de 100 000 inscritos) bem como no banco internacional de dadores e através daquilo que chamamos o "recrutamento" de dadores: campanhas pontuais e localizadas onde todos os cidadãos saudáveis, entre os 18 e os 45 anos que desejem ajudar, fazem uma pequena colheita de sangue e se candidatam a dadores de medula óssea.


Todos os que, depois da análise devida ao sangue recolhido, forem confirmados como aptos a doar medula ficam inscritos no banco nacional e poderão ter o privilégio de salvar uma vida, em Portugal ou no estrangeiro.


Até agora, ainda não conseguimos um dador compatível com a Sónia Raquel, mas como cruzar os braços não é opção, teremos amanhã uma nova acção de recrutamento no Pavilhão Municipal de Vila Nova de Gaia (perto do Salvador Caetano e do Parque da Lavandeira) durante todo o dia.


Se te importas com a causa da Sónia Raquel e de outros (tantos) que talvez tenham a sua vida nas tuas mãos, aparece e divulga.


Doar medula não dói nada (www.apll.org). Obrigada.

sábado, 18 de outubro de 2008

Mais 600 e tal dadores de medula...





A Festa pela Vida foi no mínimo, um sucesso.



Cerca de 650 pessoas apareceram durante mais de 14 horas para dar sangue e se inscrever como dadores de medula óssea. Que Deus abençoe todos e cada um.



Para além disso, entre venda de artesanato, gentilmente doado pela comunidade nacional Flickr de artesãos, leilão, venda de livros, cafézinhos e bolinhos, angariamos mais de 1200 euros!!



Agradecimentos grandes à Junta de Freguesia de Mafamude, ao CEDACE do Porto, ao presidente e a todos os voluntários da APLL, a todos os artesãos, a todos os amigos que lá estiveram (tantas horas) comigo, a todos os que me ajudaram a organizar (Bia, Branca e Orquídea), enfim a todos os que se importaram com esta causa.



Um abraço grande de solidariedade à família da Sónia Raquel, a menina que acabou por nos juntar e motivar a todos. Um beijinho muito grande à Paula, sua mãe e os desejos que Deus as abençoe muito e ajude a encontrar a saúde e a paz.



Muito obrigada a todos!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Convite "Festa pela Vida"


Caros amigos,

mais uma vez a APLL-Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas e a Junta de Freguesia de Mafamude, com a dedicada colaboração do CEDACE do Porto e da comunidade de artesãos nacional, leva a efeito um evento onde, todos unidos, faremos uma verdadeira "Festa pela vida".

Terá lugar no próximo Sábado, dia 11 de Outubro, desde as 10h00 até às 24h00, no Largo Estevão Torres (à Rotunda de Sto.Ovídeo, em frente à Telepizza).

Entre as várias actividades, ressaltamos:


- "Recrutamento" de dadores de medula - pelo CADACE do Porto.

- Venda de artesanato urbano e tradicional

- Leilão de pinturas e peças de artesano originais

- Workshops com crianças (pinturas faciais; trabalhos c/ balões; pinturas em T-shirts; etc.)

Espectáculo de palco com:

Música Popular

Capoeira

Hip-Hop

Danças de Salão

Folclore

Tunas

Música Gospel

Danças de Salão

E muita, muita animação...

Queremos que este dia seja, em Mafamude, um dia festivo em prol daqueles que, vítimas de leucemia ou linfoma, precisam de quem lhes dê voz e lute por eles.

Seja dador de medula óssea. Se não o pode ser, venha ajudar adquirindo uma bela peça de artesanato, ou licitando no nosso leilão. Tire dúvidas no nosso site: http://www.apll.org/


Junte-se a nós! Divulgue! Importe-se!


Até lá!
Abigail Macedo - APLL

domingo, 17 de agosto de 2008

Lágrima a lágrima...


...palavra por palavra, assim como quem não quer a coisa, vou despejando as "dores" acumuladas ao longo destes ultimos 3 anos.

Quando estamos no cimo da montanha e atravessamos uma nuvem, só nos apercebemos que estávamos dentro dela quando nos afastamos. Apenas à distância, ela assume contornos. De longe ela é sempre muito mais negra e ameaçadora. Enquando se está dentro da turbulência, estamos tão ocupados com a tarefa de sairmos de lá (ou, pelo menos, devíamos estar) que não temos tempo para lamentações.

É à distância que tudo se torna mais humano.

Enquanto passamos pela provação somos menos "gente" e passamos a ver tudo com olhos mais "divinos".

Confesso que chego a ter saudade dessa capacidade de sentir Deus, ali, ao estender da mão. Tal qual na pintura de Michelangelo.

Como ser humanos, a nossa vidinha é tão enrolada que nós próprios dificultamos essa tarefa de permanecer pertinho Dele.

Quando esse sentimento atraca, espreme a nostalgia que sai pelos nossos olhos em forma de lágrimas. Se assim não fosse, ficaríamos engasgados com o nosso próprio lamento.

Mas logo passa. São tantas as bençãos que depois de esvaziadas as lágrimas ... brotam flores mil de pétalas imaculadas saídas de uma gravura Japonesa.


E é assim que lágrima a lágrima, palavra a palavras, vou acorrentando amigos para a vida e para além dela...

Salvem Miguel!

sábado, 26 de julho de 2008

"Vencer o cancro"


Difícil é ouvir e ver o meu filho e o meu marido falarem na tv com a voz embargada sobre como foi verem-me internada e "às portas da morte".


Vi o programa hoje.


Gostei muito. Fiquei emocionada ao vê-los.


Mas gostei principalmente das informações tão esclarecedoras que o programa transmitiu. Obrigada Patrícia. Obrigada João.


Um dia ainda haverá um programa só sobre todos os heróis do cancro que circulam por todo o lado e vivem no meio de todos nós. mesmo aqueles que acabaram por não vencer a derradeira batalha.


Ficam aqui meus heróis:

o meu Deus,

o meu médico,

o "meu" Piso V,

a Eduarda,

a Tânia,

o Nuno,

o Sérgio,

o Hélio,

a Kait,

o Dylan,

a Vanessa,

a Jill,

a D, Flor,

a Laranjinha,

a Sandrinha,

a Ritinha,

o André,

a D. Dulce,

a D. Dália

e tantos,

tantos,

tantos...


Obrigada, sempre!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Para cima..



E
as
portas
do céu se
abriram, quando
Tu me estendeste a mão,
tão firme e poderosa, no entanto,
tão doce e terna.
Não sei o que aconteceu. A vida me
distraiu, algo bem menos
importante, mas o
momento
passou
e eu?
Eu perdi aquele instante.
E a vida foi correndo, bem,
menos mal, bem, depressa,
bem depressa.
E eu fui esquecendo, adiando olhar para o céu.
Se cá em baixo tudo eram rosas,
porquê olhar para cima?
E a vida ia correndo.
Uma vida incompleta
sem eu perceber porquê.
Eu sabia onde Tu estavas.
Eu sei onde Tu estás.
Mas tudo aqui, em baixo,
me tomava a atenção
e eu esquecí-me
de levantar
os olhos,
e de te
procurar.
Achava que me estava a sair bem,
sozinha,
sem Ti, sem ninguém.
Mas quando, naquele dia a vida trovejou,
os meus passos cambaleando se trocaram,
os montes se abalaram, a figueira não floriu,
a Primavera não voltou, e a oliveira mentiu...
Caí!
Os meus
joelhos dobraram,
as lágrimas correram, meu
semblante descaíu e vi finalmente!
Vi! Mas com os puros olhos do coração:
As portas abertas no céu, e o resto da minha vida,
bem segura e protegida
na palma da Tua mão!!



sexta-feira, 18 de julho de 2008

Há coisas que não entendo...


Não entendo como se compreende a mente das pessoas.


Pior. É difícil conhecer o coração delas.


As faces, os olhos, as expressões faciais e corporais, e finalmente as palavras, vão dando sinais. Mas depois vem a interpretação (que não é mais do que adivinhar o que se passa lá pelo interior das cabecinhas dos que nos rodeiam).


Interpretar é o que fazemos intensivamente todo o dia. Por circunstãncias várias, a maioria delas alheias á nossa vontade, muitas vezes falhamos os sinais e a relação entre eles e depois... sai um julgamento errado, um mal-entendido.


Que grande ferimento de alma isso pode provocar.


Com muito carinho e muita orientação divina lá conseguimos chegar ao difícil desenvencilhar do novelo. Ao desvanecer do breu que cobriu momentaneamente (ou não) a nossa vidinha. Ao clarear do nosso céu.


E rimos de novo. Primeiro timidamente, como se não quisessemos espantar a alegria. Depois, como um bebé que gatinha, esticamos as pernas e de pé gargalhamos sonoramente até que todo o mundo saiba que estamos felizes de novo.


Obrigada a todos os amigos que fazem um esforço para me aceitar tal como sou.

domingo, 6 de julho de 2008

À minha "amiga Olga"



Daqui a 10 minutos é amanhã.

E eu vou mandar uma mensagem de parabéns à Olga.

A Olga é uma daquelas pessoas que Deus põe no meu caminho para que eu perceba por que razão cá estou.

Ainda nos conhecemos mal... mas isso não impede que eu já goste muito dela, espere muito dela e da nossa relação e preveja um futuro brilhante para a nossa amizade.

Olá Olga! Muitos, muitos parabéns! Nunca te deixes subsmergir nos motivos da infelicidade. Agarra-te à vida e a todas as razões que eu sei que tens para estar grata a Deus por cada manhã que te oferece.

Um beijinho. Não te esqueças de ser sempre feliz.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Amanhã é um dia muito importante...


A minha querida amiga Eduarda, vai receber o transplante de medula amanhã, dia 1 de Julho. Estamos todos muito confiantes no poder de Deus para a fazer sair vitoriosa de mais esta batalha.


Hoje deixei-lhe esta mensagem que saiu pura do meu coração para o seu.


"A nossa amizade é como uma orquídea, daquelas lindas e delicadas de que tu tanto gostas. É suave, é bela, é única e é perfeita. E tal como uma orquídea, não é porque alguém a elogia ou repara nela que ela é bela. Ela é assim e pronto. Independentemente das circunstâncias que a rodeiam. Foi plantada com dor, foi regada com algumas lágrimas, e, por isso mesmo, tem sido tratada com alma e carinho.


De vez em quando a flor cai, mas tal como a nossa amizade, o facto de não a vermos só significa que se prepara para se mostrar num botão ainda mais belo que o anterior e depois revelar-se, quando é necessário, na mais maravilhosa manifestação da natureza.


Como tu sabes, somos agora três as flores deste pé e mesmo que uma delas, qualquer que seja, por pouco tempo murche, nascerá sempre de novo em todo o seu esplendor.


É nisso que eu acredito, porque sei que o nosso jardineiro é um Deus muito poderoso que nos mima e protege todos os dias. E claro, agora ainda mais a ti. Amanhã estarei contigo com todo o meu carinho e toda a minha fé. Com o meu pensamento e as minhas orações. O maior abraço com muito, muito carinho."


Vai correr tudo bem, minha linda menina.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Há flores que brotam, outras que morrem de velhice e outras que são colhidas...


Soube hoje da partida da Vanessa. E ainda um dia destes eu celebrava mais um ano de vida.

Ela juntou-se aos anjos.

Por cá, ela também foi um anjo que tocou com o seu sorriso as vidas de tantos.

Fica a nossa saudade e a memória deste sorriso que tão bem escondia a dor.

Até logo, Vanessa!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Hoje faço mais um ano...


... 49 mais precisamente. Agradeço a Deus a possibilidade de poder ter passado mais um ano junto de todos os que amo.

Foi um ano muito difícil este. Mas depois de tudo o que já vivi, o que se passou este ano foram simples grãos de areia na minha sandália.

Parabéns a mim. Eu acho que mereço!!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Escadas




Recentemente li uma alusão que comparava a vida a uma escada. "Nós podemos simplesmente olhar para ela ou decidir subi-la".
A decisão nem sempre é fácil.
A vida tem-me dito que é sempre melhor subi-la. O mais difícil é apenas o primeiro degrau...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Nenhuma dor será tão insuportável que me faça desistir...


Pedem-me com alguma insistência que escreva sobre os meus dias de tormento. Sobre os meses que passei no hospital combatendo uma leucemia grave e como consegui chegar até aqui tendo "passado pelo vale da sombra da morte, sem temer mal algum porque Deus está comigo".


Foi fácil. Foi muito fácil se comparado com o quão difícil está a ser relembrar tudo isso para pôr no "papel" para que outros possam ler. Cada palavra é um parto. Doloroso e recheado de gemidos daqueles que só Deus entende. Sinto esse dever. E como a maioria dos deveres, não é fácil de cumprir.


Lembrar as lágrimas da minha filha, ou o quase desitir de viver do meu filho; lembrar o metro e oitenta de marido que Deus me deu, completamente desorientado e desesperado, está a ser muito difícil.


Parece-me que que só agora esou a perceber a verdadeira prova que enfrentei quase sem dar por isso. Só agora entendo quão grata tenho de estar a Deus por me ter poupado destes sentimentos numa altura em que necessitava de todas as minhas energias para combater o "bichinho".


Percebo melhor do que nunca, melhor do que então, o bem que me fizeram as visitas dos amigos, os telefonemas diários, os sms's imparáveis, os livros, os postais, as cartas...


Percebo muito melhor agora o tesouro com que me presentearam, sem que eu entenda ainda por que o posso ter merecido.


está a ser muito difícil...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A honra de ser tia-avó


Ontem, 12 de Abril de 2008, nas ceu a Rita.

Um bebé novo na família. Já fazia falta.

É a vida encontrando o seu caminho de afirmação. É a nossa continuação.

Que orgulhosa eu estou por ser tia-avó. Que sobrinha fantástica, a minha querida Cris. Corajosamente aguentou 40 semanas de gestação para agora nos dar o melhor presente que uma mãe pode dar ao mundo.

Que Deus derrame chuvas de bençãos sobre a nossa pequena Rita e seu pais. Que Ele nos dê a todos saúde e sabedoria para a ver crescer e ajudar a tornar-se numa linda mulher um dia, tal como a sua mãe.

Parabéns, meus queridos sobrinhos.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Hoje é um dia especial




Tirei o dia de hoje para ser um pouco VIP.

Falei muito sobre mim e sobre a minha leucemia. Até acho que falei demais.

Espero, pelo menos, ter falado as palavras certas....

Que essas palavras possam ser de grande apoio para todos os que, enfrentando uma doença tão grave correm o risco de mergulhar no desespero.

Que Deus os abençoe e proteja, como me protegeu a mim.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Queria desabafar convosco...




Não sei como fazer...


Tudo me acontece...


Quando eu nasci (pouco depois de os dinossauros terem desaparecido) os meus pais eram muito pobres. Tão pobres que os vizinhos do lado, que viviam muito confortavelmente, decidiram adoptar-me, mas permitiram que eu continuasse a ver os meus pais biológicos e a minha irmã aos fins de semana. Assim, cresci com dois maravilhosos pais e duas babadas e amorosas mães.Tinha uma irmã biológica, mas fui criada como filha única. Ou seja, tive o melhor dos dois mundos.


Dos 14 aos 33 anos, aos poucos fui perdendo os quatro pais fantásticos que tive. Imaginem, se dois custa muito, quatro então...


Tenho um marido fantástico (único, o amor da minha vida, o homenzarrão que Deus cuidadoamente escolheu para mim) e dois filhos que são literalmente a razão da minha (sobre)vida.


Aos 46 anos fui atropelada por uma leucemia e deram-me umas horas, ou talvez uns dias, de vida. Chatice!! Enganei-os a todos! Nem Deus, nem eu achámos que era a altura.


Respiração assistida, Cuidados intensivos, 6 meses de internamento no IPO, dois meses de consultas semanais, quimioterapia, mais de 100 transfusões de sangue/plaquetas, outros tantos raios-x, TAC's, biopsias. Já vou no 14º mielograma, que é a biópsia da medula.Ou seja visitei as capelinhas quase todas.


Mas graças a Deus, fui passando de etapa em etapa e cá estou eu há 27 meses em remissão.


Em Novembro do ano passado, perdi a minha irmã para um cancro da cabeça, depois de um período terminal de quase um ano. Fui de propósito, sozinha a Nice (onde ela morava há 30 anos), só para me despedir dela. Tarefa difícil. Despedir-me da única pessoa que resta da minha família de sangue.


Ajudem-me lá! Com tanta coisa, eu mesmo assim não consigo encontrar um motivo para me queixar. Com todo o respeito que tenho por todos vocês e precisamente por isso, por favor, "façam o favor de ser felizes".


Apreciem os tesouros da vossa vida e não retrocedam perante qualquer contratempo. Todos os vossos desabafos são certamente legítimos. Saídos de mágoas mais ou menos profundas, revoltas, ira. Mas não lhes dêem demasiado espaço, não os deixem fazer ninho no vosso beiral, nem os tomem por companhia.A vossa vida é preciosa demais para não ser aproveitada ao máximo.


Eu por mim, continuarei a dar graças a Deus, porque não consigo encontrar nenhuma razão para reclamar.E desculpem lá o desabafo.


Vá lá! Sejam mesmo muito felizes.Encontramo-nos por aí.


Mil abraços semeados no espaço virtual desta seara de amizade que florirão carinhosamente para todas vocês.

terça-feira, 4 de março de 2008

Faz hoje dois anos que tive alta do IPO


E há um ano atrás, no primeiro aniversário da minha alta, tive uma conversa com a minha "irmã" Eduarda. Registei-a assim no meu diário:


"Falei com a minha amiga Duda hoje de manhã no messenger. Ela anda muito cansada. Trabalha muito.


Como eu a entendo. Voltar à rotina antiga, pré-leucemia, faz-nos sentir que aquilo por que passámos não teve nenhum objectivo. Não pode ser este o seguimento.


O nosso mundo virou-se do avesso. Conseguimos experimentar todos os sentimentos na sua forma mais original: sem fingimentos, sem máscaras, sem cerimónias desnecessárias. O choro era choro de mágoa pura, de dor profunda, de desconforto imenso, de revolta incontida. Ou era choro de alegria. Aquela alegria que crescia de uma semente mínima, uma pequena notícia, do tamanho microscópico de algumas plaquetas ou neutrófilos. Aquela alegria que não conseguíamos conter dentro do peito e então resvalava cara abaixo refrescando-nos a alma.


O sofrimento transporta-nos à mais pura essência do nosso ser e, por isso, aproxima-nos do nosso Criador.


Depois de tudo isto, voltar ao estatuto de cidadão comum é quase tão doloroso como fazer um mielograma. Talvez mais.


Descobrimos novas qualidades em nós. Encontramos pessoas que partilham connosco essas mesmas qualidades. É um mundo real cuja existência desconhecíamos.


Cá fora, somos agora estrangeiros. Não importa o quanto nos esforçamos para parecer "normais". Já não o somos. Nunca mais o seremos.


Temos portanto, que descobrir novos caminhos. O propósito de termos passado por tal realidade. Sim, porque eu sei que há um propósito. Todos nós o sentimos. Encontrarmo-nos com ele e abraçá-lo para sempre faz toda a diferença na efectiva plenitude da nossa felicidade.


Desiludam-se os que acham que podemos esquecer, apagar esse "episódio" da nossa vida. O tempo parou durante 8 meses para uns, mais para outros. Mas foi nesse descanso do tempo que nós mais crescemos. Como seres humanos, como filhos de Deus, como irmãos do próximo, que se tornou ainda mais próximo.


Por isso, minha querida Duda, procuremos os nossos novos objectivos. Iniciemos as nossas novas caminhadas, para que a partida daqueles que se tornaram nossos irmãos possa ser justificada e "cantada" por nós, pelo nosso viver.


Esses sim, são agora nossos heróis e serão para sepre os nossos irmãos de combate."


A minha Dadinha está de volta ao IPO. De volta à luta. Mais uma batalha que, com a ajuda de todos nós vai acabar por vencer. E se todos fizerem a sua parte e se registarem como dadores de medula, ela fará o transplante e poderá continuar a brindar-nos com o mais lindo sorriso que Deus alguma vez criou.


Se queres ajudar a Eduarda, sabe como clicando no link "Apoio à Eduarda" neste blog.
- Duda, segura nas mãos de Deus e vai à luta.


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Quando a morte chegar...


... vai me apanhar conversando com uma amigo. Se outro não houver por perto, apanhar-me-á a falar com Jesus, o meu melhor amigo.


Não quero morrer a dormir. Não quero morrer insconsciente. Quero ter a noção exacta de que naquele momento, o mais importante desde que nasci, deixo um mundo colorido, embora defeituoso, vivo, embora moribundo e parto para o paraíso. Aquele lugar onde não há dor, nem fome, nem choro, nem tristeza.


Quando a morte chegar, vai partir-se-me o coração por deixar os amores que Deus me deu, mas vou cantando porque sei para onde vou, Encontrar aqueles de quem me fui despedindo nesta certeza e esperar pelos que irão ter comigo mais tarde.


Nada faria sentido, se não fosse assim.


Mas quando a morte chegar, vai apanhar-me a pintar uma aguarela, a compor um colar de pérolas ou a cozinhar um daqueles pratos...


Quando ela chegar, aproveito-me da grande vantagem de já cá estar, de ter a certeza da sua vinda e, ainda assim, não deixar que ela arruine a minha felicidade.


Se eu não pensasse assim, viveria num mundo de ilusão, fazendo de conta que ela não existe, ignorando que ela há-de vir um dia.


Mas se então é certo que ela vem, mais vale estar preparado e como nenhum dia nos é prometido, recebo cada um como um presente e agradeço-o a Deus.


A morte já me rondou de muito perto, posso mesmo dizer, que chegou a comprar o meu bilhete, mas o seu poder é tão limitado que, protegida nos braços de Deus, lhe dei aquele empurrão. "Para já não! Fica para outra vez".


Ter esta consciência dá-me muito mais vontade de viver e aproveitar os dias que Deus me vai dando. Faz-me sentir a obrigação de não os desperdiçar com lamechices inúteis e injustas e de ser feliz com o que quer que me seja dado.


Seja o que for que se passe nesta vida, Deus deu-no-la para que sejamos felizes e aproveitemos bem o esplendor da Natureza e dos seres viventes que Ele nos deu para nosso convívio.


É uma opção. Temos sempre uma opção. Esta é a minha:

Quando a morte chegar, não me vai apanhar distraída.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Leucemia

Laranja é a cor da leucemia. Estas lindas rosas cor-de-laranja são uma chamada de atenção para esta doença que afecta tantos de nós. Elas transmitem coragem e força nesta luta.

Para todos aqueles que tenho encontrado no caminho e que como eu, têm que lutar contra as doenças oncológicas do sangue (leucemias e linfomas) e que eu sei que não podem receber flores verdadeiras, vai este lindo ramo carregado de força e coragem e um abraço do tamanho do mundo.

Que Deus vos proteja como me tem protegido a mim.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

"até quando serão eles incapazes da inocência?"


Faz-me medo. Faz-me muito medo. Pensar o ser humano comum é perfeitamente incapaz da inocência. É assim desde há séculos e séculos... Incapazes da inocência.


A pureza que nasceu consigo. A bondade, o coração aberto ao mundo. Tudo se trancou. Soterrou-se debaixo de toda a maldade, todo o ódio, toda a inveja. E nunca mais emergiu.



Bem aventurados aqueles que, remando contra a maré, vasculham o seu interior, incessantemente, dia a dia, tentando manter viva essa inocência. Difícil tarefa.

Para onde se dirige este mundo ? Volta-se para a sua própria hipocrisia. Chafurda no seu próprio vómito. Dá-se em casamento à sua própria imbecilidade.


"até quando serão eles incapazes da inocência?"


Até quando?

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

decidi partilhar...



"Quero agradecer-Te Senhor, pelo dom da Vida.


Li num lugar qualquer, que os homens são anjos com uma asa só: podem voar, se o fizerem abraçados.


Às vezes, nos momentos de confidência, ouso pensar, Senhor, que até Tu, terias apenas uma asa.


A outra tens-la escondida: talvez para me fazer compreender que até Tu, não queres voar sem mim.


Por isso me deste a vida: para que eu fosse Teu companheiro de vôo.

Ensina-me, então, a lançar-me contigo.


Porque viver não é arrastar-me pela vida, não é dilacerá-la, não é apenas prová-la.


Viver é abandonar-me como uma gaivota ao sabor do vento.Viver é saborear a aventura da liberdade.


Viver é estender a asa, a única asa, com a confiança que quem sabe, ter no vôo, um companheiro, Grande como Tu!"


Don Antonio Bello

Há momentos...


...que as palavras não resolvem, mas ajudam. Quando ficamos sem elas, o melhor é mesmo escutar as que têm para nos dizer. Principalmente se sabemos que nos dizem essas palavras porque se elas ficarem presas lá dentro vão apertar o peito e impedir a respiração e quem sabe, até o bater do coração.


As palavras são apenas palavras, mas é com elas que conseguimos vazar para os outros as nossas emoções, boas ou más, e libertarmo-nos dos fantasmas que nos atormentam nos momentos maus da vida.


É também pelas palavras que podemos receber o consolo e o carinho de uma voz serena. É pelas Suas palavras que ouvimos o que Deus tem para nos dizer. Por isso, que direito temos nós de menosprezar o valor das palavras?

domingo, 27 de janeiro de 2008

Saborear a vida, todos os dias com um "recheio" diferente

Temos necessidade de parar por um bocado, aquietarmo-nos e reformular as nossas prioridades. Nada mais refrescante e motivador do que acordar com um novo sorriso e uma maneira fresca de enfrenta os desafios da vida.
Mãos à obra.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Esculpir um amigo



Uma noite destas sonhei que um amigo meu me tinha desiludido violentamente. Senti-me frustrada, triste e traída. Mas acima de tudo, senti-me culpada.
Depois de alguns anos a cultivar essa amizade, cheguei à conclusão que ainda não era perfeita. Nem eu, nem a amizade.

É como se dentro daquela pessoa que eu nem conhecia de repente eu tivesse começado a retirar pedaços dela para vir a encontrar no seu interior a forma de um amigo. É como esculpir um ser à nossa medida. Enquanto não se retira o excesso, não se consegue encontrar o que de melhor está naquele miolo.

E eu senti que aquele amigo não tinha sido bem esculpido ainda. Precisava de muito mais trabalho. Não é meu hábito desistir das pessoas. Posso desistir de algumas coisas. Nunca das pessoas.

É só ir esculpindo um pouco mais, ir mais fundo que acabarei por encontrar o amigo perfeito.

Não esqueço, é óbvio, as formas rudes que tinha antes de começar a trabalhar nele. Isso faz parte da construção da nossa amizade. Mas isso tem o seu lugar, bem arrumadinho numa gaveta da biblioteca da minha memória.

Quando finalmente terminar, o resultado será uma pessoa que deixou de ser apenas de si próprio. Será também um pouco minha. Tal como "O desterrado" é de Soares dos Reis, aquela pessoa passou a ser também minha. Os laços que nos ligam serão sólidos e para sempre indestrutíveis.

Não há maior perfeição do que essa. Não é necessária mais perfeição. Um amigo esculpido por ti, com o teu suor e a tua dedicação, por vezes com tanto sacrifício, cedências e frustrações, será a tua obra-prima. Aquilo que aqui mais se assemelha a um anjo: o teu melhor amigo.

Sejamos escultores. Sem pressas. Pacientes. Perfeitos na nossa limitação e felizes apesar de tudo.

Afinal "cativar" é apenas o início...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

As duas metades do mundo

O mundo divide-se em duas partes: eles e elas, hemisfério norte e hemisfério sul.


E eles estão tão afastados delas como os dois pólos do planeta estão afastados um do outro.


Cada um está virado para o lado contrário do outro. Cada um olha a sua própria metade do universo. Por isso, não admira que vejam coisas diferentes e não encontrem pontos comuns nos seus horizontes.


Mas o que os separa é o mesmo que os une: um imenso espaço único de beleza e fertilidade. Entre eles está literalmente o mundo.


E é assim que quando se dão as mãos e juntam as suas perspectivas, algo de muito inesperado acontece: o Universo completa-se, o mundo faz sentido e a vida renasce.